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quarta-feira, 26 de março de 2014

LAVA

Deixo passar o passado, passando pesado anos a fio. Como água, como ponte quebrada pra quem encontra outro caminho. Umas horas sinto falta, outras vezes impossível lembrar o que sinto. Muito, sinto muito ter vivido tudo isso. Intenso, usado momento promíscuo. Nem era, era bem vivido. Escorria o tempo jovem entre meus dedos, mas nada restou. Pouco  ficou  depois de você, tudo mais reinventei.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

TOMADA

A gente não corta, não edita, deixa rolar a película, sem roteiro, sem direção. Atua, interpreta, repassa a cena, ela jamais é igual. Muda, silenciosa, cheia de efeitos, de fãs. Duas horas de cinema, mil anos em uma sala escura de projeção. Não demora, jamais se interrompe em continuidade, sem fim. Enredo que se conta em dramas, suspenses, comédias e ficções. Ninguém sabe o final, mas todos choram no fim. No fim, sobem os créditos e lá estão só os nomes mais importantes. Tomada, cena 1, voltamos ao começo, o filme nunca acaba, a vida nunca tem fim.

domingo, 24 de novembro de 2013

NÓ DA GARGANTA

Fecha a boca, fecha o bico, faça bem feito.
Ande na linha, de cabeça erguida, durma cedo.
Chegue no horário, não diga bom dia, almoce correndo.
Sorria, não chore, não cuspa tudo.
Negue, deixe pra trás, olhe sempre adiante.
Não tem fim, não dá pra jogar pela janela, são muitos os tolos que te bloqueiam.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

FALSO POETA


não sou uma só leitura
não sou poeta de autorias
não sou autor de poesias
não sou homem de meias verdades
não sou mulher e isso é mentira
não sou hétero como de costume
não sou bi como os que são por aí
não sou falso canalha
não sou fácil alternativa
não sou santo com todo mundo
não sou puto todo dia
não sou político da semana
não sou ladrão da pracinha
não sou próximo da família
não sou distante de quem amo
não sou puro sangue
não sou páreo duro
não sou bunda mole
não sou pau firme na segunda
não sou indiscreto quando preciso
não sou inseguro quando posso
não sou isso tudo
não quero ser
não serei outro

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

TODA BARBA





























enrosca e enobrece a boca amarga
e enquanto afaga a mundana
paixão de hominídio
deixa o macho sem princípio
feito o galã da estação errada
de bem aparados pelos
que sem nenhum fio pro lado contrário
perdeu o status de gente careta

segunda-feira, 8 de julho de 2013

LIVROS

Tenho vergonha dos livros que não li, assim como teria vergonha de possuí-los como artigo de coleção, adquirindo volumes como peças frívolas de guarda-roupa, ou principalmente vê-los virar pilha de papel decorativo utilizado como pé de uma mesa. Não pela vergonha, mas pelo orgulho de tê-los lido, mantenho os que posso, enquanto posso, os poucos que tenho guardados comigo.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

SAPATOS SUJOS

Nunca impecáveis, não mais que o restante do armário, diferente porque parece estar menos limpo e cheiroso, quem sabe, um típico equilíbrio inconsciente, coisa de comportamento, uma falha de caráter pra mascarar um pedido de desculpas sem se colocar no mesmo nível de um mundo pisoteado pela ignorância e pela falta da decente humildade.

domingo, 28 de abril de 2013

O DIA POR INTEIRO

Amanhecer quando cotidiano,
ainda que profano seja o modo de viver,
é menos turvo do que passar noites em claro
levando a vida pro buraco.

Gosto do efêmero controle
de pensar neste exato momento,
que a caretice é de verdade,
meu mais sábio argumento.

terça-feira, 16 de abril de 2013

AOS DESAFETOS

essa tua cara lavada
olhar trucado, um truque
chora, reclama, mas não desabafa
não sabe, não tenta abrir
soltar amarras que deixam o mal sair

mina tudo à sua volta
pela falta de alegria
por uma simples ironia
que não tem qualquer fundamento,
mas se entristesse lamentando o próprio viver

eu, sem paciência
suporto, aguento um tanto,
mas dessa gargalhada
desajustada não deixo passar
e temendo rancor, engulo,
pra na tua cara não estourar

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

DE VOLTA AOS SONHOS

dava pra ver teus sonhos pelos teus olhos
que de tão brilhantes pareciam mareados pelo sal
das profundas vontades da alma
das veias tensas e conturbadas do teu sangue
gota a gota derramado pelo tédio do cotidiano
que mata a pureza do próprio sonhar
e aniquila a sábia noção do que é ter esperanças

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

ALGUMAS VEZES

nem que seja de vez enquando se quer seja algumas vezes
certos momentos não deveriam repetir-se
como quando você faz uma nota mental e se esquece
ainda que para lembrar fosse preciso repetir
reviver o mesmo erro que já havia cometido
algumas vezes a gente lembra e aí esquece de novo

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terça-feira, 16 de outubro de 2012

UNTITLE

Dava pra casar contigo, rezar uma missa, subir uma montanha, comer papel de uma revista, embalar o choro apertado de um bebê, cortar uma melancia em flor, cozinhar pra um quartel, mastigar pedra, roer azulejo, viajar sem beira, escalar ribanceira, pintar de rosa o céu, ferver água quente, congelar água fria e parar de escrever bobagem pra ganhar tua confiança e acertar sua jugular com toda essa baboseira romantica.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

PRISIONEIRA

Tenho a vida como minha prisioneira debaixo do peito. Sem que se liberte, a vida conta os dias sem parar e sem fugir, correndo em círculos pela cela da alma e do flanar que o pensamento e os projetos, metas e missões a levem daqui. Embora a vida presa nos sonhos não seja de fato triste, sabe q se libertar de si é encontrar sua própria rota de fuga para um mundo q a espera.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

CAMA CHEIA

nem que tivesse nascido ontem crescido sem companhia numa longínqua casa de campo
criado sem afeto ou contato teria deixado de perceber que sozinho vivo meu espaço
e acordo protegido do meu cansaço de lidar com o espaço alheio e com desejos que não me dizem respeito
porque sou feito de uma falta de programação que não me alegra mas também me regenera justamente porque tudo fica chato quando fica previsível e marrento ou manhoso



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quinta-feira, 10 de maio de 2012

POSSO

Posto mais do que penso que gosto /
Penso menos do que acho que posso /
Posso mais do que acho que faço /



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quarta-feira, 9 de maio de 2012

JUÍZO

para onde foi esse furor
veias saltadas e músculos contraídos
enrugando os mais aflitos
pensamentos deixados de lado
à sanidade emocional
com perfeitos motivos bobos
para implodir em questão de minutos
no improvável cessar do juízo


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terça-feira, 24 de abril de 2012

FICO

Fico tão impregnado da sensação da tua pele que é dificil não querer tocá-la de novo.
Fico tão manso e calmo em teus braços que é impossível não prender-me a ti.
Fico tão contente e alegre que o tempo parece mudar de cor, ganha um tom diferente.

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segunda-feira, 16 de abril de 2012

UM MOMENTO SÓ

por um momento perfeito
por um adendo deleito
te amanheço comigo
dormindo ao te lado
acordado em brasa
no calor da minha própria chama
convencido de teus laços
todos os lados
do nosso agora encontro
casual de tanto tempo
atemporal daqui adiante


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sexta-feira, 13 de abril de 2012

BATALHAS

Tomei as rédeas,
agora ninguém mais me espera,
saio ileso das minhas próprias  armadilhas.

Ganho o pão,
visto a armadura do cotidiano
e saio pra minha batalha
só pra vencer.

Sem dúvida a maior descoberta
entre tantas vitórias
é passar raspando nessas minhas
grandes batidas.

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quarta-feira, 11 de abril de 2012

DORIAN GRAY

meu flerte é cotidiano
e reparo o tempo inteiro
em teus cabelos
tua pele dura, curvas fartas
detalho pelos e extremidades
com tanta veemência
que me acostumei a tocá-los
enquanto fito desconfiado
essa imagem latente

alto quando olho para baixo
gigante me volto para cima,
todos esses anos admirando
o pequeno porte em cada pedaço
de fragmentos desmascarados
pelo tempo e pela
mais pura vontade de seduzir
e de se vender

não me satisfaz sua face
queria te ver por completo
frente e verso além desse
espelho, desse lado
obscuro no detalhe que
só os outros podem ver
sem que saibam o quanto
sou extremamente
apreciável por inteiro