Retas pra que se eu tenho as linhas
As tortas, grossas, entrelaçadas
Retas não duram, quebram
Linhas não dobram, se curvam
Retas são solitárias,
Linhas são paralelas
Retas não dão em nada
Linhas despontam em tudo
Retas pra que se eu tenho as linhas
As tortas, grossas, entrelaçadas
Retas não duram, quebram
Linhas não dobram, se curvam
Retas são solitárias,
Linhas são paralelas
Retas não dão em nada
Linhas despontam em tudo
não é fácil
apreciar a vida
não é fácil
a gente vê
as cenas em correria
uma mentira desnecessária
mas olha pra ela devagar
como nos filmes
clipes e documentários
em slow Motion
fica bonito
apreciável
taí um efeito antigo
que quase saiu de moda
ver a vida devagar
porque é essa que importa
Gosto quando a cidade apaga
As janelas dos prédios ficam escuras
E todos fingem que descansam
Gosto também das ruas
Vazias cheirando a neblina
Num profundo silêncio sublime
Enquanto a madrugada avança
Pais de família custam a acordar
O cheiro do café vai tomando conta
Assim como uma onda
Cozinha após cozinha se acendem
De longe a gente vê
A cidade retoma sua rotina
As pessoas acordam
E as casas voltam a ficar de novo sem ninguém
Meu amado
Te dedico este pensamento
De admiração e carinho
Pois deixar claro meus sentimentos se faz necessário
Ainda mais quando passa o tempo
E meu jeito de ser se torna diferente de quando eu era
Te admiro desde sempre
Cada história mais ainda
O homem forte que tanto superou
E também o menino esperto que anseia novas curas
Pra esse homem e pra esse menino
Digo com toda fé
Que muitos assim como eu
Enxergam isso tudo que nem você vê
Mas pare um pouco,
Respire outra vez
Lembre sempre de você
Em primeiro lugar você
Te amo meu igui
Meu Igor
Amiga
Eu queria saber de vc todo dia
Se come bem
As comidas e os homens
Se tua pele tá hidratada
E se teu coração tá limpo
Queria estar junto
Nas minúcias
Pra você nem precisar contar pra mim
Mas pra você contar comigo
Te gosto vendo novos amigos
Sorrindo sem acanhar o sorriso
E nos milagres dos versos desse universo plano da história
Saber que pode me encontrar em outras vidas
spanar2
verbo
transitivo direto
BRASIL
desgastar o filete de uma rosca a ponto de não mais poder atarraxar.
Na vida espanar não é algo bom
Vem de algo acumulado
Que pesa, suja, dificulta o trajeto
No dicionário também demora a se esclarecer
É só no verbo transitivo direto que a gente entende o significado
E o significado é duro
Direto como flecha
Fura e faz mal
Dói, cicatriza, mas deixa ferida
E nas batidas da vida
Apanhar amolece ou endurece a carne?
A realista resposta está na dúvida
Se apanhar vem do outro
Porque eu é que me bato?
E pra quê?
No dicionário espanar também é
No mesmo verbo
1.
transitivo direto
tirar o pó de; espanejar.
"espanou os móveis"
Uma limpeza
Vem de algo quebrado
E o que quebra, mesmo com o carinho de manter
Já não fica em destaque
Escurece, perde o brilho, fica triste
Os cacos viram lenda
A lenda vira legado
Mas aqui onde era barro
Só se encontra areia
Eu não vou mais reconstruir
Vou fazer de novo
E levantar minha própria poeira
Uma vez
Em algum momento
Abri espaços
Que não mais fechei
A franquesa com que respeito cada um
É dura quando volta sem meu desejo
Não
Não desejo opinião alheia
Sim
Sim eu valorizo atitudes espontâneas
E se na minha fortaleza
Os fracos escalam o muro
Meus pilares ficam carregados
Demasiadamente inseguros
A porta
O muro
O meu forte
É constantemente
Ameaçado por
Muitas fraquezas alheias
Definitivamente não sou mais o mesmo
Ainda que definitivo nada seja
Eu mesmo já não me defino faz tempo
Porque no reflexo da memória vejo incoerência
Porque nos sonhos profundos vejo labirintos
Porque nas atitudes todas vejo superficialidade
E se até outro dia isso tudo só me afligia
Hoje, nesta noite amena a consciência me conforta
De certa forma indefinida,
Já não me tortura a sorte
E acreditar num amanhã melhor
Bato forte os punhos sobre a mesa
As xícaras viram, os talheres batem
Todos se espantam
Crianças choram dentro de pessoas velhas
Com lembranças da hora
De uma vida qualquer
Ninguém mais quer
Ninguém mais quer saber do passado
Feito tatuagem estourada
Lá está o desenho
Embolado entre vontades
Espetado nas profundezas da pele
Bem mais, nem mais, sem mais
Lavar o rosto, escovar os dentes
Começar de novo que o tempo ainda dá
A falta é cumulativa
Assim como uma visita inesperada
Nada se sente nos primeiros dias
Ela vai se mostrando presente
Ocupando espaços abertos
Num vazio incompleto de certezas
A visita, essa que vem e que fica
Ainda vive para voltar
Mas não demora ir embora
A falta, essa que você faz
Se acumula em camadas
Um dia após outro dia.
Estou online
Vejo as notificações chegarem
Transito entre as telas e abro meus apps
Mas eles não falam comigo
Meus app fingem ser amigos
Estou aflito
Vago de um lado pro outro
E imagino que um insight, luz ou aparição interajam comigo
Mas eles não me mostram nada demais
Só o feed me alimenta de mentiras reais
Abro o site do tarot online
Entro no app e medito
Leio um artigo do trampo
Rezo por meu arbítrio
Faço escolhas baseadas em fatos
Mas os dados mostram que sou mais um ser repetitivo.
Deixo passar o passado, passando pesado anos a fio. Como água, como ponte quebrada pra quem encontra outro caminho. Umas horas sinto falta, outras vezes impossível lembrar o que sinto. Muito, sinto muito ter vivido tudo isso. Intenso, usado momento promíscuo. Nem era, era bem vivido. Escorria o tempo jovem entre meus dedos, mas nada restou. Pouco ficou depois de você, tudo mais reinventei.
A gente não corta, não edita, deixa rolar a película, sem roteiro, sem direção. Atua, interpreta, repassa a cena, ela jamais é igual. Muda, silenciosa, cheia de efeitos, de fãs. Duas horas de cinema, mil anos em uma sala escura de projeção. Não demora, jamais se interrompe em continuidade, sem fim. Enredo que se conta em dramas, suspenses, comédias e ficções. Ninguém sabe o final, mas todos choram no fim. No fim, sobem os créditos e lá estão só os nomes mais importantes. Tomada, cena 1, voltamos ao começo, o filme nunca acaba, a vida nunca tem fim.
Fecha a boca, fecha o bico, faça bem feito.
Ande na linha, de cabeça erguida, durma cedo.
Chegue no horário, não diga bom dia, almoce correndo.
Sorria, não chore, não cuspa tudo.
Negue, deixe pra trás, olhe sempre adiante.
Não tem fim, não dá pra jogar pela janela, são muitos os tolos que te bloqueiam.
Tenho vergonha dos livros que não li, assim como teria vergonha de possuí-los como artigo de coleção, adquirindo volumes como peças frívolas de guarda-roupa, ou principalmente vê-los virar pilha de papel decorativo utilizado como pé de uma mesa. Não pela vergonha, mas pelo orgulho de tê-los lido, mantenho os que posso, enquanto posso, os poucos que tenho guardados comigo.
Nunca impecáveis, não mais que o restante do armário, diferente porque parece estar menos limpo e cheiroso, quem sabe, um típico equilíbrio inconsciente, coisa de comportamento, uma falha de caráter pra mascarar um pedido de desculpas sem se colocar no mesmo nível de um mundo pisoteado pela ignorância e pela falta da decente humildade.
dava pra ver teus sonhos pelos teus olhos
que de tão brilhantes pareciam mareados pelo sal
das profundas vontades da alma
das veias tensas e conturbadas do teu sangue
gota a gota derramado pelo tédio do cotidiano
que mata a pureza do próprio sonhar
e aniquila a sábia noção do que é ter esperanças
nem que seja de vez enquando se quer seja algumas vezes
certos momentos não deveriam repetir-se
como quando você faz uma nota mental e se esquece
ainda que para lembrar fosse preciso repetir
reviver o mesmo erro que já havia cometido
algumas vezes a gente lembra e aí esquece de novo
.
Dava pra casar contigo, rezar uma missa, subir uma montanha, comer papel de uma revista, embalar o choro apertado de um bebê, cortar uma melancia em flor, cozinhar pra um quartel, mastigar pedra, roer azulejo, viajar sem beira, escalar ribanceira, pintar de rosa o céu, ferver água quente, congelar água fria e parar de escrever bobagem pra ganhar tua confiança e acertar sua jugular com toda essa baboseira romantica.
.
Tenho a vida como minha prisioneira debaixo do peito. Sem que se liberte, a vida conta os dias sem parar e sem fugir, correndo em círculos pela cela da alma e do flanar que o pensamento e os projetos, metas e missões a levem daqui. Embora a vida presa nos sonhos não seja de fato triste, sabe q se libertar de si é encontrar sua própria rota de fuga para um mundo q a espera.
Tomei as rédeas,
agora ninguém mais me espera,
saio ileso das minhas próprias armadilhas.
Ganho o pão,
visto a armadura do cotidiano
e saio pra minha batalha
só pra vencer.
Sem dúvida a maior descoberta
entre tantas vitórias
é passar raspando nessas minhas
grandes batidas.
.
a lua me faz companhia
me brilha, me ascende a alma vazia
uma falta a lua me traz
dos desejos banhados ao luar
e de amores quilômetros distantes
promessa vencida do quê?
se ao olhar para a lua ainda vejo você
e você ainda lembra? será que no céu me vê?
a face da lua perdida na tua
minha face ao contrário e nua
o avesso da nossa cara metade
sinceramente não é culpa da lua
que agora já se vai tarde
cheia de mim até assim se esquecer
.